Hoje em dia, a tal "cultura do cancelamento" parece estar em todo lugar. Basta uma pessoa famosa ou até alguém comum falar ou fazer algo considerado inadequado, e, de repente, as redes sociais explodem, exigindo a exclusão dessa pessoa da sociedade como se fosse um tipo de punição definitiva. E eu entendo, tem atitudes que precisam ser contestadas, especialmente quando causam danos reais. Mas, será que essa é a melhor maneira de lidar com erros?
Uma coisa que me preocupa é a falta de espaço para o diálogo e para o aprendizado. Parece que estamos criando um ambiente onde errar se torna imperdoável, e, honestamente, isso é assustador. Ninguém é perfeito, todo mundo já fez algo que preferiria não ter feito ou dito. Quando cancelamos alguém, estamos ignorando completamente a possibilidade de que essa pessoa possa crescer e mudar. E mais: será que isso resolve alguma coisa? Será que o cancelamento faz a pessoa refletir sobre o que fez, ou só cria uma onda de ressentimento?
E tem mais: parece que, às vezes, o cancelamento é mais sobre a gente querer se sentir moralmente superior do que sobre realmente corrigir o que está errado. Queremos apontar o dedo, mostrar que estamos do lado certo, mas isso não gera um verdadeiro debate sobre o problema.
A longo prazo, o que vejo é uma sociedade que fica cada vez mais dividida, com medo de se expressar, com medo de errar, porque qualquer deslize pode ser “cancelado” em um estalar de dedos. E, se a ideia é que a pessoa pague pelas consequências de suas ações, beleza, mas tem que haver um equilíbrio. Como aprendemos, como evoluímos como sociedade, se tudo vira motivo de punição sem possibilidade de reconciliação ou reparo?
Então, acho que precisamos repensar isso. Questionar o que realmente queremos alcançar quando cancelamos alguém. Porque, se o objetivo é criar um mundo melhor, talvez o caminho seja mais diálogo, mais educação, e menos destruição.
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